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O que é Socialismo Fabiano?

Fernando Henrique Cardoso é um dos expoentes moderno do socialismo fabiano.

1. Afinal, o que é socialismo fabiano? 

É uma doutrina que surgiu no final do século XIX, após o manifesto de Karl Marx, do Partido Comunista, mas, diferentemente deste, os fabianos viram que a transição para o socialismo deveria ser feita de forma gradual, sem ruptura revolucionária. O socialismo fabiano prega igualdade de oportunidade para todos, redistribuição de riquezas e justiça social, mantendo o direito à propriedade privada e à economia de mercado, embora regulamentada pelo Estado, o que também é diferente da proposta da corrente marxista que defendia o fim da propriedade privada e a socialização dos meios de produção. “Ele é considerado um socialismo cor de rosa que aproveita algumas ideias do capitalismo, mas que tem no Estado um regulador da economia e provedor de necessidades básicas”, comentou Della Justina.

2. Origens 

Ao contrário do que muitos podem imaginar, o socialismo fabiano não nasceu na Rússia, mas sim no Reino Unido. Na época o país vivia um “capitalismo selvagem”, nas palavras do professor Della Justina, que resultou em pobreza e péssimas condições de trabalho para boa parte da população. Neste cenário, um grupo de intelectuais britânicos se reuniu e em 1884 fundou a Sociedade Fabiana (Fabian Society), o mais antigo instituto de estudos políticos britânico, conforme descrito no site da própria organização.

3. Por que Fabiano? 

O fabianismo também se diferencia de outras vertentes do socialismo por acreditar que as mudanças poderiam ocorrer de forma gradual, por meio de reformas: evolução em vez de revolução. Foi por esta característica que o movimento ganhou o nome que tem.
Trata-se de uma referência ao general romano Quintus Fabius, que durante a Segunda Guerra Púnica (218 a 201 A.C) tinha como estratégia cansar o inimigo e atacar suas linhas de suprimento, evitando confrontos diretos com tropas maiores.

4. Quais foram os principais nomes? 

O casal Beatrice e Sidney Webb e o dramaturgo e jornalista George Bernard Shaw são nomes proeminentes quando se fala em Sociedade Fabiana. Em 1895 os três, junto com educador Graham Wallas, fundaram a London School of Economics, um dos mais prestigiosos centros de pesquisa acadêmica do mundo. O trecho a seguir foi encontrado escrito por Beatrice Webb em seu diário em 21 de setembro de 1894: “Sua visão é fundar, lentamente e silenciosamente, uma ‘Escola de Ciência Econômica e Política de Londres’ — um centro não apenas para aulas de interesses específicos, mas uma associação de estudantes que seriam direcionados e apoiados a fazer trabalhos originais”. O Primeiro Ministro do Reino Unido em 1922, Ramsay MacDonald, também foi um nome conhecido por ser o primeiro membro do Partido Trabalhista a assumir o cargo.

5. Qual a influência na sociedade atual? 

Segundo o professor Másimo Della Justina, ideais do socialismo fabiano foram difundidas e estão presentes em algumas sociedades, como a ideia de que todos devem ter oportunidade econômica, e que, quando o cidadão não tem acesso a ela, seria obrigação de o Estado prover o mínimo necessário para que a pessoa possa sobreviver, dando também oportunidade para que ela possa ter seus próprios rendimentos.
Entretanto, na opinião do analista político Borenstein, esta influência é pequena porque a parcela da sociedade que sabe fazer essa discussão de ideologias é muito reduzida. “Principalmente porque depois da Guerra Fria a gente tem um processo em que as ideologias perdem o valor na hora da decisão do voto”

6. Existem partidos brasileiros que se alinham com os ideais do socialismo fabiano? 

O PT (Partido dos Trabalhadores), durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, implementou algumas políticas sociais que vão ao encontro de ideais do fabianismo, como o Programa Bolsa Família e o sistema de cotas nas faculdades públicas. O PSDB, em teoria, também pode ser associado ao socialismo fabiano pelo próprio estatuto que rege o partido, baseado na social democracia.
Apesar disso, Borenstein afirma que estes partidos não podem ser considerados socialistas fabianos, porque, embora tenham alguns propósitos em comum com a doutrina, na prática de gestão, quando eles estavam no poder, tanto o governo de Fernando Henrique Cardoso quanto o de Lula e Dilma, se adaptaram à realidade e convergiram para uma política com viés mais de centro e liberal, abrindo mão de alguns programas ou deixando de lado ideologias que deram base à criação dos partidos.

Fonte: Jornal Gazeta do Povo

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