O governador João Doria é um político esperto, inteligente, flexível, tem método, tem estratégia e sabe o que quer e como quer chegar. Ao contrário da maioria esmagadora dos políticos brasileiros, sabe jogar com a lógica do poder e usa os instrumentos de psicologia nas suas relações pessoais e com a sociedade. Por tudo isso, Doria é um político perigoso pelo potencial que ele tem de alcançar distâncias consideráveis no seu projeto de poder. Nada disso seria recriminável se Doria fosse um político autêntico, um democrata compromissado. Mas o fato é que ele não é sequer um liberal.
Doria, como se sabe, reza pelos piores manuais da enganação, da manipulação e do charlatanismo. A cartilha que o governador segue, cita e admira é a cartilha da vigarice. Por isso, ele é perigoso. Quer o poder pelo poder, pelo brilho que o poder oferece e pelas suas benesses, evidentemente. A personalidade de Doria é a condensação pura da vaidade. Para usar a linguagem weberiana, em Doria não há causa a realizar, não há propósito, não há senso de proporção, não há distanciamento crítico e nem existem as mediações necessárias entre o essencial e o aparente. Tudo é jogo de aparência, dissimulação, ardil.
Usa as pessoas como bem lhe convém, faz delas apenas trampolins como o ex-governador Geraldo Alckmin, seu padrinho político, que na primeira oportunidade Doria lhe virou as costas pela disputa de poder interno no PSDB, e agora Bolsonaro, que ele sempre rejeitou, mas que no segundo turno usou a imagem do presidente para se eleger, criando um entrelaçamento o qual sempre negou que faria, e agora novamente com sua insaciável sede de poder, se afasta de Bolsonaro para pavimentar sua estrada rumo as eleições presidenciais de 2022. Sua ascensão foi meteórica, mas sua queda será monumental.
Comentários
Postar um comentário