Entre os anos de 1821 e 1822, Dom Pedro I
ocupou o cargo de príncipe regente do Brasil. Mesmo durando um breve
período de tempo, o governo provisório de Dom Pedro foi marcado por um
conjunto de transformações bastante intensas. Na época, seu pai, Dom
João VI havia deixado o governo em suas mãos para participar do processo
de reforma política que tomava conta de Portugal, desde 1820. Aqui no
Brasil, essa mesma notícia teve importantes consequências históricas.
A chegada de Dom João VI ao Brasil, em
1808, mais do que marcar a transferência de uma Corte Real, transformou
radicalmente a condição da economia brasileira. Desobrigada de manter
negócios somente com Portugal, os grandes produtores agrícolas
brasileiros atingiram marcas de lucro mais significativas com a inserção
de seus produtos no livre-mercado. Além disso, a chegada dos produtos
ingleses ao Brasil estabelecia um novo padrão de vida e consumo no país.
Durante a formação das Cortes em
Portugal, os revolucionários do Porto pretendiam reestruturar a economia
portuguesa. Para isso, acreditavam que a manutenção dos laços coloniais
era de suma importância para o fortalecimento da economia de Portugal.
Isso significava a interrupção de todas as benesses materiais oferecidas
pela liberdade econômica trazida com o governo de Dom João. Dessa
forma, os aristocratas brasileiros formaram o Partido Brasileiro com o
intuito de mobilizar forças que preservassem seus interesses de ordem
econômica.
Uma
das primeiras medidas desse novo partido foi agrupar um conjunto de
assinaturas que exigiam a permanência de Dom Pedro no Brasil. Essa
manifestação exigindo apoio de Dom Pedro, era uma resposta ao pedido
formal das cortes portuguesas que reivindicavam o retorno do príncipe
regente para Portugal. Vislumbrando o controle político sobre o
território brasileiro, Dom Pedro I, em 9 de janeiro de 1822, declarou
sua fidelidade aos brasileiros no pronunciamento que ficou conhecido
como Dia do Fico.
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Logo em seguida, Dom Pedro demitiu todos
os portugueses que fazia parte de seu conselho de ministros e formou um
novo conselho formado somente por brasileiros. Em maio de 1822, os
ministros brasileiros instituíram o chamado “Cumpra-se”. De acordo com
tal medida, qualquer ordem vinda de Portugal só poderia ser cumprida com
a aprovação prévia do príncipe regente. Reforçando o apoio a Dom Pedro
I, os ministros declararam Dom Pedro como “defensor perpétuo do Brasil”.
Em junho de 1822, Dom Pedro resolveu
compor uma Assembléia Constituinte que deveria formar um conjunto de
leis básicas a serem aplicadas em todo território nacional. Tal medida
colocava em evidência a diferença de interesses entre Brasil e Portugal.
Em agosto, o governo português enviou um novo decreto anulando as
decisões tomadas pelo príncipe regente e exigindo seu imediato retorno.
Aconselhado por José Bonifácio e sua
esposa, Dona Leopoldina, Dom Pedro não via alternativa a não ser a
declaração de independência. Naquela mesma tarde de 7 de setembro de
1822, às margens do riacho Ipiranga, Dom Pedro I proclamou o Brasil um
país independente de Portugal.
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